Estudos Revelam Que Ser Empreendedor É Prejudicial À Saúde!
mas afinal o que é

Ser Empreendedor

Ser Empreendedor é prejudicial à saúde!

Hoje em dia existem estudos para tudo e mais alguma coisa. E normalmente têm uma suposta origem americana (norte americana, note-se) como que a querer dar mais credibilidade por ser um estudo americano. Não que eu tenha alguma coisa contra os americanos, mas a história de que “America is the best country in the world” já está um bocado démodé e já não pega…

Já na moda andam os estudos a dizer que coisas fazem mal à saúde e (cereja no topo do bolo) podem provocar cancro! Sim, que isto hoje em dia estudo que se preze identificando que determinado produto, alimento ou substância faz mal à saúde, tem que provocar cancro, ou então é ignorado pela comunicação social.

Bom, se leu até aqui então posso deduzir que tem um mínimo interesse neste artigo e posso desde já dizer que o título servia apenas para chamar a atenção. E se leu até aqui, é porque deu algum resultado!

Muito se fala sobre empreendedorismo – e nisso os americanos até que são bons, já que comecei por falar neles. Já li bastante sobre empreendedorismo, sobre empreendedores, sobre projectos de sucesso e alguns de insucesso – sim, porque é também (muito) importante conhecermos os projectos que falharam e o porquê de terem falhado. Já vi reportagens e ouvi vários comentários televisivos e radiofónicos.

Nomeadamente nas redes sociais, que às vezes parece que é à volta do que o mundo de hoje gira (qualquer dia há um estudo que indica que afinal a terra gira à volta de uma “rede social”… ok, foi só um devaneio). Nas redes sociais vemos imensas partilhas de casos de sucesso, convites para palestras motivadoras, workshops para quem se quer iniciar como empreendedor, comentários “inteligentes”, partilhas do estilo “um dia vou lá chegar” ou “vou ser como ele”, etc.

Mas será que é tudo assim tão bonito quando verdadeiramente iniciamos nisto do empreendedorismo?

Não, não é! É preciso muito cuidado e vou desde já dar alguns exemplos reais para demonstrar o que digo, com casos próprios e outros próximos a mim.

Em primeiro lugar começo por fazer um pequeno enquadramento sobre como este espírito de empreendedor cresceu:

Desde pequeno que sempre me habituei a ver os meus pais com algum tipo de negócio próprio, normalmente geridos a tempo inteiro pela minha mãe, demonstrando também eles um sentido de empreendedorismo daquela época. Vi as dificuldades que tinham e vi o que correu mal em algumas situações, e com isso aprendi eu próprio um pouco.

Felizmente posso dizer que fui sortudo porque a partir dos meus 14/15 anos comecei a trabalhar aos sábados para ter o meu primeiro computador topo de gama. Se lhe parece estranho eu estar a dizer isto, digo já que não deveria parecer, pois eu felicito os meus pais por me terem dado uma educação correcta: “Nós podemos oferecer-te isto que custa X, se tu queres aquilo que custa X+Y, terás tu que te esforçar para o ter!”

Já na altura não fiquei nada aborrecido em fazê-lo, pois o espírito com que eu o fiz foi de alegria, por saber que tinha em casa um computador topo de gama, com um gravador de CDs da Sony a 32x, no qual cheguei a gravar e a vender muitos jogos, chegaram a ser em certos dias de “picos” quase 2 pacotes de 10 CDs cada, para depois levar para a escola e vender a 750 escudos cada CD. Aquilo sim, era fazer dinheiro. Até aparecer quem começasse a vender a 500 escudos e eu reduzi para esse valor. Quando reduziram ainda mais, eu mantive-me nos 500 escudos. Depois havia quem me dizia “Epah, mas tu ‘tás a fazer mais caro que o Manel, ele faz a 300 escudos.” ao que eu respondia “Pois é, mas quando começares a chegar a casa com CDs mal gravados, que se riscam facilmente ou que se partem com facilidade, vais ver que o barato sai caro!”.

Eu dava-me ao luxo de não baixar o preço porque eu utilizava CDs de marca, tinha um gravador de qualidade e gravava a uma baixa velocidade e muitas vezes tentava não fazer nada no computador para minimizar o risco dos CDs ficarem mal gravados.

Não devemos entrar em guerras de preços mas sim em guerras de qualidade! Devemos sempre oferecer o máximo de qualidade a um preço justo.

Depois da etapa de ter ganho para ter o meu primeiro computador topo de gama, veio a carta e carro. Quando os meus pais me ofereceram um carro, que nada tinha que ver com o que eu pretendia, tive-o durante somente 1 mês e troquei-o por outro. Mas como é que consegui fazer isto? Da mesma forma que consegui com o computador anos antes, fui trabalhar para o conseguir pagar. Aos sábados e durante as férias de verão.

Hoje, dou graças ao facto dos meus pais me terem educado desta forma. Dou valor ao dinheiro e, acima de tudo, ao que custa ganhar dinheiro. Mas isto de ser difícil ganhar dinheiro é tema para outra conversa.

Voltando novamente atrás no tempo, antes sequer de ter computador, alguns dos meus passatempos eram carros telecomandados. Como eu adorava aquilo! Se fosse preciso passava dias inteiros a desmontar um e a tentar inventar alguma coisa. Cheguei a conseguir fazer um barco telecomandado a partir de dois motores de carros telecomandados velhos, um barco de plástico que tinha para lá e uma placa de um carro telecomandado. Tudo bem isolado com silicone e lá fui eu todo contente para o rio testar aquilo com um amigo meu. Amigo esse que mais tarde, muito mais tarde, se veio a revelar uma das maiores desilusões que tive até hoje, mas já lá vamos!

Com esse mesmo amigo, chegámos a dizer várias vezes que quando fossemos grandes, iríamos ter um negócio em conjunto. Chegámos a tentar criar alguns negócios enquanto crianças, provavelmente à volta dos 10/11 anos. Aqui ficam algumas tentativas:

– Chegámos, provavelmente com idade inferior a 10 anos, a pensar em montar uma casa de vídeo jogos em que o pessoal pagaria à hora para jogar, para onde iríamos levar a Mega Drive dele e o meu Spectrum 48k (sim, é verdade, eu tive um destes):

A minha mãe proibia-me de jogar a isto quando a minha irmã (na altura bebé) estava a dormir, graças ao barulho que isto fazia a carregar os jogos!

Já tínhamos o local ideal! A casa abandonada de uma pessoa a quem prontamente questionámos se poderíamos limpar, pintar e usar para o nosso projecto. Passámos dias de volta da casa. A limpar todo o entulho que lá estava dentro. Eu até mal dormia, de tão entusiasmado que estava! Depois, com as nossas poupanças, investimos em cal e pintámos o interior (sim, cal, a tinta era muito cara…). Depois de estar tudo bonitinho e preparado, o senhorio convenientemente disse-nos que “afinal não dava para irmos para lá”… Conclusão que tirámos daqui? Nunca fazer nada sem ter um acordo assinado.

– Tentámos também vender sumos frescos. Era verão e estava muito calor, pelo que os nossos amigos e habitantes em geral iriam certamente gostar que nós lhe déssemos de beber um sumo fresquinho, a um preço muito simbólico. Lá fomos nós ao mini mercado local, com o que tínhamos nos mealheiros, e comprámos várias saquetas de sumo em pó Tang. Tinha um bidon em casa com uma torneira pequena em baixo, já não me recordo ao certo mas penso que levava uns 80 ou 100 litros. Enchemos de água, fomos colocando saquetas de sumo e fomos mexendo e provando, até que estava no ponto! Estávamos preparados para começar a vender, mas… tínhamo-nos esquecido de um (grande) pormenor. O bidon estava localizado numa pequena casa de arrumações, no quintal da casa dos meus pais, que fica como que num “primeiro andar” comparativamente à estrada onde as pessoas passavam. Conclusão que tirámos daqui? Erro de logística, má gestão e falta de preparação.

– Eu e esse meu amigo adorávamos carros, e tanto eu como ele tínhamos a paixão pela electrónica, portanto fazia todo o sentido criarmos um negócio que tivesse que ver com isso. Então iniciámos um negócio para limpeza de carros… telecomandados! Ainda chegámos a “facturar” uns 200 ou 300 escudos, mas ficou-se por ai… Conclusão que tirámos daqui? Falta de estudo de mercado, pois não existia na realidade clientes que justificassem a abertura “deste negócio”, apenas um rapaz mais novo que nós que tinha um carro telecomandado e achou piada à ideia de ter o carro telecomandado limpo e lubrificado…

– Um pouco mais tarde, tentámos abrir um bar por detrás do Centro Social, num armazém que estava por lá abandonado. A coisa até nem estava a correr muito mal, começámos bem mas rapidamente nos apercebemos que tínhamos de “abortar a missão” pois alguém da equipa estava a roubar dinheiro da caixa e estavam também a levar algumas bebidas, que depois tiveram que ser pagas ao Centro Social que nos cedia as mesmas a um preço mais baixo. Conclusão que  tirámos daqui? Ter muito cuidado com quem fazemos parcerias e evitar sociedades com muitas pessoas ao mesmo tempo.

E a partir daqui continuo então o tema de ter sido enganado por este meu amigo de quem tenho falado até agora e retomo o título deste artigo. Será que ser empreendedor pode realmente fazer mal à saúde? Na minha opinião, sim pode. Pode fazer mal à saúde física e mental. Acima de tudo se não formos fortes de espírito e se não tivermos absolutamente ninguém que nos apoie. Eu, felizmente, tenho que me considerar um sortudo pois tive bastante apoio emocional quer por parte da minha família como por parte da minha namorada e amigos que nunca desistiram de me apoiar, cada um à sua maneira.

Em inícios de 2013 sai da empresa onde estava na altura, com um objectivo em mente: arrancar finalmente com um projecto que já tinha pensado desde finais de 2010 e que nunca tinha iniciado por falta de tempo, pois trabalhava de dia e estudava à noite e o pouco tempo que tinha ou era para estudar, ou para estar com a família e namorada.

Já tinha iniciado algumas coisas, nomeadamente o estudo de mercado já estava praticamente concluído, dai eu saber que existia ainda potencial para arrancar com o projecto no imediato, antes que outros concorrentes começassem a crescer.

Estabeleci alguns contactos, tive a ajuda de um amigo meu que actualmente é meu sócio e foi uma das pessoas que nunca desistiu de me apoiar e a quem estarei para sempre grato por isso. A primeira vez que tive oportunidade de estar em frente a um investidor, apresentando-lhe o projecto, foi em meados de 2013. Estava confiante, pois tinha investido tudo o que tinha aprendido na universidade enquanto tirava o curso de gestão e vários meses na pesquisa e elaboração de um plano de negócios que pudesse ser o mais claro possível quanto à mais-valia deste projecto e à diferenciação comparativamente ao que existia na altura no mercado.

O investidor demonstrou interesse e deu algumas sugestões para melhorarmos o projecto. Indicou que depois dessas alterações, poderíamos voltar-nos a reunir e eventualmente ele poderia ter interesse em investir.

E é aqui que entra o meu amigo de infância que falei anteriormente… em conversa comentei o que andava a fazer e prontamente se disponibilizou em investir pois tinha conseguido juntar bastante dinheiro com o projecto que tinha na altura e, face à nossa amizade, estava disposto a investir em mim. Obviamente que fiquei radiante e pensei cá para mim: “Caramba, a oportunidade de uma vida! O meu grande amigo lembrou-se da nossa promessa de crianças em que sempre dissemos que um dia iríamos montar um negócio juntos.”

Convidei o meu actual sócio a juntar-se ao barco, pois com um projecto da dimensão do que eu estava a planear, iria precisar de apoio e nada melhor do que estar rodeado por pessoas da minha confiança – ou pelo menos assim o pensava eu ingenuamente.

Certo é que os dias foram passando, insistindo nós, eu e o meu actual sócio, com esse meu amigo de infância para nos passar, pelo menos, algum dinheiro pois precisávamos de pagar a quem estava a desenvolver a plataforma e de começar a preparar o escritório, arrancar com as entrevistas a pessoal, etc.

Eu e o meu actual sócio cometemos erros crassos, que ainda hoje em dia pensamos como fomos nós capazes de errar de tal forma, ambos da área de gestão e ele professor universitário desta área. Acreditámos, nomeadamente eu que já conhecia o meu amigo de infância desde “sempre”, piamente que o que ele dizia era verdade e ele próprio enviava-nos provas e estratos bancários para comprovar que o dinheiro estava lá, só ainda não o tinha conseguido passar para Portugal (ele estava noutro país, fora da UE).

Um dos nossos maiores erros foi termos investido em 2 anúncios de vídeo e 1 teaser, que nos custou “os olhos da cara”… ainda me lembro que no dia anterior às gravações foi quando tive uma das piores notícias de todos os tempos… lembro-me vivamente como se estivesse a acontecer neste preciso momento e doí-me quase de igual forma só de pensar. O meu “amigo de infância” falava sempre só comigo, nunca falava com o meu sócio, pois conhecia-me era a mim. Nesse dia 22 de Novembro de 2013, passados mais de 4 meses desde que ele tinha aceite investir e dizendo que tinha o dinheiro que precisávamos para arrancar, ligou pela primeira e única vez ao meu actual sócio apenas para lhe dizer isto, cito: “Afinal já não vai dar para investir, não contem comigo.”

Vi, literalmente, a vida a andar para trás. Tinha acreditado demasiado nas palavras dele, tinha perdido tempo a ir abrir conta num banco que ele tinha sugerido pois dizia que assim era muito mais fácil e rápido ele transferir o dinheiro, tinha ido ao Western Union fazer figura de parvo mais que uma vez, tinha gasto tempo e dinheiro a ir a vários locais, tinha feito contrato com um escritório, tinha gasto dinheiro com os vídeos, tinha gasto dinheiro com a aquisição de alarme, internet, telefone e inclusive com o pagamento adiantado para produção de móveis para o escritório, tínhamos já seleccionado vários candidatos e agendado entrevistas, eu e a minha namorada tinhamos já feito contrato para um apartamento na cidade para onde acabámos por ir, a minha namorada tinha-me emprestado algum (bastante) dinheiro para adiantar pagamentos da empresa antes desse meu “amigo” enviar o dinheiro e ela ainda se despediu do trabalho onde estava… foi tudo por água abaixo!

Cheguei a ir falar com os país dele que, surpreendentemente e contrariamente ao que ele dizia, não sabiam de nada do que se passava e dos valores em causa. De nada resolveu. Tentava contactar com ele nem que fosse para eu próprio tentar perceber o que se tinha passado, nunca atendia a chamada nem nunca respondia a nenhum email. Apenas uma vez, que liguei com número anónimo, ele atendeu e, sem estar à espera que fosse eu do outro lado da linha, disse que me iria ajudar e iria enviar algum dinheiro, mas fora essa chamada (que foi mais uma mentira) nunca mais ouvi falar desse meu “amigo de infância” que me traiu de uma forma muito brutal mesmo. E uso a expressão brutal aqui, obviamente não para designar algo de espectacular mas sim de horrível! Porque é inacreditável como nunca foi capaz de, no mínimo dos mínimos, enviar um pedido de desculpas. Simplesmente nunca mais disse nada…

Ainda hoje, passados 2 anos desde que iniciámos a empresa, e embora estejamos felizmente com um crescimento de quase 150% face ao ano passado, vivemos fustigados pelos investimentos que fizemos no arranque da empresa e que tanto nos prejudicou.

Tentámos, assim que soubemos da notícia, entrar em contacto com o investidor que tinha demonstrado interesse a meados do ano. No entanto, quando nos fomos reunir com ele, soubemos que estava envolvido numa sociedade de Business Angels que tinha acabado por investir no nosso maior concorrente, que poderia ter investido em nós nessa mesma altura mas visto que nunca mais tínhamos dito nada, investiram num projecto similar ao nosso…

Ainda tentámos junto de outros investidores, mas assim que sabiam da notícia de já existir um concorrente que já tinha conseguido o interesse de alguns investidores, recuavam e ficavam reticentes na decisão de investir.

Depois de muita luta e muitos meses depois de ter iniciado o desenvolvimento da plataforma online, a 1 de Abril de 2014 arrancámos oficialmente com o projecto, de seu nome MaiFix.

Mais recentemente, vimos o caso de um cliente e amigo que, infelizmente por má gestão de recursos e más decisões estratégicas, também afundou todo o capital que tinha disponível nos primeiros tempos, pois cometeu o erro de contratar alguém com um vencimento bastante razoável, quando nem sequer na altura tinha trabalho para ele próprio. Indicámos de que o risco iria ser grande e de que provavelmente não era a melhor escolha, mas ele estava confiante de que iria conseguir negócio com parcerias que iria criar e, infelizmente, acabou por não se concretizar.

Portanto, e em jeito de resumo, voltando ao tema inicial, ser empreendedor pode sim ser prejudicial. Pode ser prejudicial à saúde de quem é empreendedor e à saúde de quem rodeia um empreendedor e gosta dele.

Antes de se pensar em ser empreendedor, temos que ter resposta clara e bem detalhada para todas estas questões:

  • Será que eu conheço mesmo bem o projecto que vou arrancar? Sou mesmo um expert na área?
  • Será que tenho um plano bem definido para o projecto?
  • Será que conheço toda a concorrência? Como funcionam, o que fazem, onde são melhores e piores?
  • Será que realmente ofereço algo que as pessoas realmente procuram?
  • Será que esta é a melhor altura para avançar com esta ideia no mercado?
  • Será que tenho os contactos necessários para avançar com o meu projecto?
  • Será que tenho pessoas de confiança e planos B, C e D para o caso das coisas não correrem bem como tenho previsto no plano inicial?
  • Será que estou mesmo preparado para ser um empreendedor e sei realmente o que custa?

Mas mais importante que tudo isto: Será que tenho dinheiro suficiente para suportar os imprevistos? Por vezes confundido com fundo de maneio, mas neste caso não é bem a mesma coisa.

Sem se ter todas as respostas com total certeza absoluta a todas estas questões, então digo com toda a certeza: NUNCA pensem em avançar com um projecto, pois o mais provável é arrependerem-se!

Eu sei, depois disto parece que me estou a lamentar e quase a dizer que foi a pior coisa que me podia ter acontecido. Mas, como eu disse no início, tive a sorte de ter bastantes pessoas que me apoiaram e tenho também a sorte de ter alguma força de espírito, o que tudo junto levou a chegar ao momento em que estou. Ainda não é o “momento ideal”, mas é pelo menos um momento muito mais estável face ao que era há 2 anos atrás e com muito mais certezas!

Se voltaria a fazer tudo novamente mesmo sabendo das consequências? Podia agora ser sensacionalista e dizer: “Sim, fazia tudo!” mas prefiro ser realista e dizer que não, não faria tudo de novo. Custou-me mesmo muito, embora só tenham passado 2 anos, isto custou-me anos de vida! A mim e a quem me rodeia. E sim, arrependo-me de algumas decisões que tomei há 2 anos atrás. Mas nada disso muda a satisfação com que olho para trás e penso: fiquei sem nada, e estou a conseguir levantar-me! Caramba, agora o caminho será muito mais fácil, pois o mais difícil já passou! Posso inclusive dizer que só desde Março deste ano comecei a tirar ordenado da empresa, pois só nessa altura achei que era o momento certo e que não iria prejudicar as contas da empresa.

No que me tornei? Em alguém muito mais ponderado, que analisa agora todos os cenários várias vezes e que, felizmente, olha para as pessoas de forma menos ingénua. Não que eu tenha deixado de acreditar nas pessoas, pois orgulho-me de poder dizer que continuo a conseguir acreditar nas pessoas, mas sou muito mais ponderado ao fazê-lo.

Em suma, sim ser empreendedor pode fazer mal à saúde, mas somente quando não nos preparamos devidamente! Mas cabe a cada um de nós manter a cabeça fria quando as “coisas dão para o torto”, organizar e planear devidamente aquilo que tem de ser feito para poder mitigar todos os riscos, porque os projectos dão sempre problemas, as coisas nunca correm como previsto… nunca!

Ao ler isto pode também ficar a pensar que guardo rancor ou que estou “preso ao passado”. Nada disso, estou apenas a partilhar uma experiência de forma intensa para poder transmitir o quão difícil pode ser esta vida de empreendedor, sendo que com muito esforço e dedicação, é bastante recompensador. E agora ao contrário do que tenho vindo a demonstrar ao longo deste artigo, em que quase parece que estou a dizer a todos para se manterem a milhas dessa ideia, digo: se verdadeiramente quer enveredar pelo caminho do empreendedorismo, faça-o! Mas faça-lo com bastante garra e sem nunca desistir. 🙂

Ass: Pedro Lima

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